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Resposta a um comentador que citou o artigo da Visão na nossa publicação de 28-09-2013


Caro comentador.

 

Nós compreendemos o artigo da VISÃO e temos sucessivamente vindo a questionar esse episódio, de vários pontos de vista, no fundo para se saber o que vendeu realmente o Estado Português - que, após a nacionalização, era o detentor do BPN - ao BIC.


Mas nós compreendemos o artigo da VISÃO porque desde o início que questionamos o episódio da venda do BPN ao BIC. Se lermos com atenção o artigo da VISÃO, constatamos que reincide nos procedimentos de abordagem que se tornaram já a carta de apresentação dos meios de comunicação social entre nós.

O artigo transmite alguma informação relevante. Para baralhar a sua leitura.


Da nossa parte, o que sempre dissemos, logo que o Governos comunicou que ia vender o BPN, no cumprimento de uma recomendação (ou exigência) do Memorando de Entendimento, foi que não se sabia do que falava o Governo.


O que ia vender o Governo? Que BPN?


O BPN, de facto, já não existia, o Governo tinha seccionado ou retalhado o BPN por vários veículos, uns para alojar passivos, outros activos. O BPN era já só quase um balcão de conta corrente, que administrava as operações rotineiras e correntes do banco, preparando a sua extinção. As contas de depósito dos clientes, talvez o crédito de baixo e médio valor consolidado e pouco mais.


Seja, o cumprimento da recomendação do Memorando só tinha sentido antes do seccionamento e retalho que o Governo fez do BPN.


Era daqui que partiam as nossas suspeitas e o espanto, porque era, até então, das medidas propostas pelo Memorando, no que respeitava a privatizações, a única que o Governo se preparava para cumprir.

Por essa razão a nossa questão era sempre: Mas o que vendeu o Estado Português ao BIC?


Quando se começou a revelar que o Estado Português estava a pagar ao BIC, em várias prestações de dezenas de milhões de Euros, dívidas que, pressupostamente, deixara na contabilidade do BPN e não transferira para as ‘’sociedades veículo’’, o aspecto do caso começou a parecer mais tenebroso. O Estado já tinha pago, em ditas ‘’paridades’’ ou ‘’desparidades’’, mais do que o valor porque tinha vendido o BPN.


Colocada assim a questão, o artigo da VISÃO parece trazer à luz alguma informação relevante. Mas a forma como a transmite é desastrosa. Acaba por não se entender nada.

Vamos ler o primeiro parágrafo. Se quiséssemos reproduzir de forma clara o que parece que o artigo da VISÃO quer transmitir Diríamos:

‘’O BPN que o BIC comprou foi depois adquirido pelos accionistas do BIC, com um crédito concedido pelo BIC. De seguida, os accionistas do BIC resolveram proceder do a uma diminuição capital social do banco, pressupostamente, segundo a VISÃO informa, no valor de cerca de quarenta milhões de Euros. Sendo pois esse valor pago aos accionistas pelo capital social do banco, cada accionista tê-lo-á utilizado para pagar o crédito pedido para adquirir o BPN.’’


Com toda a franqueza, não se entende que benefício acabou por retirar desta manobra cada um dos accionistas do BIC, podemos apenas deduzir que o ‘’estilo’’ de Oliveira e Costa inquinou a mentalidade e o estilo de vida dos empresários portugueses e angolanos, que passaram a dedicar-se a trampolinices por desporto. E na continuidade da astenia do Banco de Portugal que continua a pactuar com procedimentos destes que, se não são ilegais, são irregulares.


O mínimo que se poderia dizer é que o BIC vai no bom caminho para se transformar em breve no novo BPN, cujas maiores irregularidades eram o envolvimentos em operações deste género com a SLN, concedendo crédito aos accionistas da SLN para comprarem a SLN e empresas do grupo.


Mas para complicar bem o assunto, o artigo da VISÃO, que anda às apalpadelas em busca de um tema, deduz deste episódio o tema. ‘’O Estado pôs dinheiro a mais no banco’’.

Triste jornalismo. O grande problema é exactamente esse. Não sabemos quanto nem onde pôs o Estado o dinheiro. Não foi no BPN, porque o BPN já nem existia quando o Estado o vendeu, estava retalhado.


A questão de saber onde pára o dinheiro subsiste pois integral, ainda que o Estado pareça estar a dinamizar uma política de proteccionismo ao BIC, a que vai pagar este ano quarenta milhões de Euros, ninguém explica objectivamente porquê, com um balancete claro.

 

A VISÃO descreve o procedimento assim:

‘’Antes de extinguirem o seu banco, os acionistas compraram-lhe, pelos mesmos 40 milhões de euros que tinha custado ao BIC, a totalidade das ações do BPN. Para tal, abriram uma linha de crédito. Ou seja, ficaram a "dever" ao seu próprio banco 40 milhões.
De seguida, decidiram fundir os dois bancos, o BIC e o BPN, "por incorporação".
Mas foi o BPN que incorporou o BIC, que foi extinto. E, para complicar ainda mais, o novo banco, resultante da incorporação daqueles dois passou a chamar-se. BIC.’’


Recordamos que o Inquérito Parlamentar ao ‘’caso BPN’’ foi pedido pelo CDS/PP para apurar as responsabilidades do Banco de Portugal. Tudo leva a crer que em breve veremos o BE pedir um Inquérito ao BIC para apurar as responsabilidades do Banco de Portugal, sendo também certo que, no âmbito do Inquérito quem vai acabar preso é Mira Amaral.

Embora o contexto seja agora diferente. Para não molestar ‘’os investidores’’, o Banco de Portugal pode fazer vista grossa sobre os procedimentos de supervisão. Como o Governo pode fazer vista grossa sobre a Constituição. O próximo e anunciado supervisor, o BCE, fará também vista grossa sobre tudo.

 

Ora então, por mais que a VISÃO revele factos insólitos, nós continuamos sem saber nada.


Que vendeu o Estado ao BIC? Para que serviram os milhares de milhões de Euros que o Estado alega que ‘’pôs no BPN’’?


Quem anda a vender o BPN? Não aquele que foi vendido ao BIC, mas aquele que já estava retalhado e já não era BPN? Quem anda a comprar o BPN com créditos do Estado? O que é, de facto, a SLN/GALILEI?



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