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‘’(…) o Parlamento sem os mesmos meios, descobriu o que o Banco de Portugal e a investigação criminal deveriam ter descoberto. (…)’’


Nuno Melo, a propósito de declarações do Juiz Rui Rangel, no debate sobre o BPN promovido pelo Diário de Notícias em 2012.


Mas o que descobriu afinal o Parlamento? O Parlamento foi a extensão dócil do regime para por de pé o edifício da maior burla e assalto ocorridos em Portugal desde há muitas centúrias. Pior do que a burla BPN só o processo dos Távora.

Tão habilmente construído um como outro, o que permite ao Juiz Rangel vir propor que tem que mudar a lei para fazer face ao caso BPN.


E os portugueses engolem, de boca aberta todos os disparates. Até estão dispostos a mudar a lei, se for o caso de prender os ladrões sem garantias. Talvez mesmo a pena de morte.


O que parece é que todo o regime, incluindo o Parlamento, nomeadamente a oposição, o sistema judicial, o sistema de regulação bancária, todo o regime está envolvido e emaranhado na cobertura da burla, para tentar encobrir os procedimentos e seus sujeitos, que utilizaram o BPN para financiar ninguém sabe o quê, porque ninguém explica porque mágicas artes o descoberto de trezentos milhões de Euros de créditos concedidos à Sociedade Lusa de Negócios, reconhecido em 3 de Maio de 2012, estava já acompanhado de um descoberto de mais três mil e seiscentos milhões de Euros, reconhecido na mesma data.

Ninguém se questiona sobre quem eram os titulares do descoberto de três mil e seiscentos milhões de Euros e onde estava escondido até à data da nacionalização?


A ‘’colecção egípcia’’, perdoem, estava incluída nos oitocentos, trezentos é uma nova ficção em imparidade com a contabilidade de Cadilhe, milhões em dívida pela SLN ao BPN, que foi quem emprestou o dinheiro para a SLN comprar a colecção, por cinco milhões. De resto, Cadilhe revelou-o logo. Os Mirós também já entravam na contabilidade de Cadilhe.


As propriedades do Duarte Lima apareceram depois, quando foi necessário encontrar mais um bode expiatório para lançar aos leões do circo. O perfil do alegado homicida adequava-se e, para lá do mais, suspendia a extradição que as autoridades brasileiras solicitavam. Saldava-se numa protecção cautelar ao réu do processo que decorria no Brasil. Por isso o processo contra Duarte Lima apresenta todos os indícios de ruir, conforme se deduz da sua esclarecedora defesa.

 

Vamos a coisas concretas. Onde estava afinal a burla de Duarte Lima, depois da PARVALOREM receber o bem como liquidação da dívida em referência? Ou os administradores da PARVALOREM são incompetentes, ou são aldrabões, ou o bem foi aceite, como é prática e boa de qualquer executante, por um valor substancialmente abaixo do real.


Os processos em curso, com acusações formuladas e em instrução são aqueles em que há notória paridade entre os valores pagos ou emprestados pelo BPN e o valor dos activos dados em garantia ou que passaram para a sua posse, constituindo contratos de compra e venda resolvidos.


É o caso da ‘’colecção egípcia’’. A paridade era até simétrica, uma vez que na primeira avaliação, pedida por Miguel Cadilhe à reputada Christie’s, a reputada leiloeira avaliou a ‘’colecção egípcia’’ em mais umas centenas de milhares de Euros acima do valor da aquisição.

Será que a reputadíssima Christie’s se precipitou nos mesmos equívocos em que se precipitara um tal Manuel de Castro Nunes? Ou será que a reputação da Christie’s só vale quando é politicamente conforme? E que a reputada Christie’s nem se importa, alguém apagará a nódoa no currículo em troca de outros favores?


Vamos então ao que interessa, porque a hipocrisia que correu em galope livre, com os arqueólogos a darem suporte ao golpe financeiro, como os deputados da oposição fazem no Parlamento, é já um problema pessoal entre o MCN e os arqueólogos que se remeteram ao silêncio.


E eu sempre expus a questão BPN sem ‘’colecção egípcia’’, porque sobre o assunto me mantive em silêncio para não perturbar a lúcida ponderação do caso no seu todo.



‘’Foram criadas três empresas públicas para gerir a "má" herança do BPN: 3,9 mil milhões de euros.

As chamadas "sociedades-veículo", que têm um prazo de validade até 2020, estão a absorver os ativos tóxicos do BPN desde 2010 e a tentar recuperar o máximo possível. Venda ao BIC só foi possível depois de o banco ter sido limpo.

Dos 2,5 mil milhões de crédito malparado que o Estado retirou do BPN para o conseguir vender, 300 milhões são do grupo Sociedade Lusa de Negócios, agora denominado Galilei. O BIC recusou, assim, ficar com créditos das empresas que foram lideradas por Oliveira Costa. A responsabilidade sobre a cobrança deste valor é agora da Parvalorem, uma das três "sociedades-veículo" que o Estado criou para colocar os "ativos tóxicos" do BPN, e para onde tem transferido créditos desde 2010.

Parvalorem, Parups e Parparticipadas são as empresas que, a prazo, irão limpar o que restou do BPN (no valor de 3,9 mil milhões’’


Diário de Notícias, 03 de Maio de 2012.

 

Os deputados do Parlamento participam nesta burla? Para não questionarem a invenção da ‘’crise’’ e da dívida pública e a legitimidade do ‘’Memorando’’, tiveram que partilhar com o estado a omissão do significado destes números. Será a ‘’dignidade’’ ou a vergonha que os impede agora de regredir?

Vamos ser claros.


Extraindo da folha de cálculo talvez um milhar de milhões de Euros, por condescendência, que constituíam a imparidade entre os compromissos de crédito do BPN e os seus activos, a restante imparidade advém do mau uso do BPN durante quatro anos, de Novembro de 2008 a Setembro de 2013, como veículo do financiamento da máquina do estado e de assalto programado às contas e património público. Isto em continuidade da legislatura PS para a da coligação.


Se assim não for expliquem estes números. Com operações algébricas claras e credíveis.

 

Ora então, o que é grave em tudo isto?

 

O que é grave é que os senhores deputados, quer os da coligação beneficiária da burla, quer os da legislatura anterior, igualmente beneficiários, mas sobretudo os da oposição, se apresentem de olhos vendados face a estes números, sabendo que, tendo-lhes atirado uma carne para a arena, os leões vão cevar-se e ficar satisfeitos.

 

Sem dúvida alguma, os portugueses entraram há décadas no coliseu e há décadas que assistem ao espectáculo de ver os Césares atirarem carne aos leões. E nunca chegarão a compreender que é a sua carne que é atirada para a rena. E diz o deputado Nuno Melo que o Parlamento viu o que os juízes não viram.


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1 comentário

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De Leitor atento a 14.11.2013 às 19:44

http://www.cmjornal.xl.pt/Noticia.aspx?channelid=00000009-0000-0000-0000-000000000009&contentid=FF3B4DA6-F750-4CCB-A6F2-346B76EA03B8 (http://www.cmjornal.xl.pt/Noticia.aspx?channelid=00000009-0000-0000-0000-000000000009&contentid=FF3B4DA6-F750-4CCB-A6F2-346B76EA03B8)

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