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O lado do Caso BPN que poucos conhecem nos seus trâmites mais profundos, obscurecidos pelos interesses das partes envolvidas. O relevo dado a duas colecções de arte entretanto sem paradeiro, fazendo crer que são motivo de todo o descalabro do caso BPN
A cruz em cobre ornamentada com esmaltes em ‘’cloisonné’’ cuja imagem aqui inserimos, é um trabalho das oficinas de Limoges dos finais do Século XII, início do Século XIII.
Tem cerca de 40 cm de altura e foi resgatada recentemente na Áustria pelos seus legítimos proprietários, após andar cerca de sessenta anos sem paradeiro.
No âmbito das diligências para apurar o itinerário de posse do artefacto, foi avaliada pela polícia austríaca em cerca de quatrocentos mil Euros.
No ano de 1988, um amigo e colega funcionário dos Serviços de Arqueologia do Sul, com quem, em minha casa, passava longos serões de cavaqueira sobre arte e arqueologia, mostrou-me uma cruz similar, um pouco menor, talvez, mas um trabalho mais requintado.
Havia-a comprado num ‘’ferro velho’’ no Norte do país. Surpreendera-o o facto de nunca ter visto nada semelhante e pedia-me a minha opinião.
Ficou quase apopléctico quando lhe expliquei o que era. Indiquei-lhe dois ou três antiquários em Lisboa, de minha confiança, que lhe poderiam dar uma ideia mais precisa de valor.
Na semana seguinte, o meu amigo regressou a minha casa para novo serão. Vinha desolado. Os antiquários com que falara todos lhe disseram que a cruz era ‘’falsa’’.
Sosseguei-o e animei-o. Durante três semanas submetemos a cruz a todos os testes e exames possíveis então. Foi monitorizada, milímetro a milímetro com uma potente lupa binocular. O resultado foi um relatório de cerca de trinta páginas, com que o meu amigo viajou pouco depois para Londres.
Nunca perguntei ao meu amigo por quanto tinha vendido a sua cruz. Uns meses depois reformou-se e estabeleceu-se como antiquário em Lisboa.
Congratulo-me e congratulei-me sempre com o sucesso e a fortuna do meu amigo, por quem tive sempre consideração e afecto.
Ora, o meu amigo tinha uma filha. Etcetera e tal… Está tudo dito.
Obviamente, a filha do meu amigo só tinha para comigo um compromisso, que eu também tenho para com todos os meus semelhantes. Era o de ser honesta.
Já expliquei que foi a desonestidade da filha do meu amigo - que motivou também uma funciomária do Museu Nacional de Arte Antiga a fazer o comentário que apresentamos em imagem com aprovação ("gosto") da filha do meu amigo- que me convenceu de que tinha para comigo e para com os meus amigos o dever de resgatar a minha reputação e dignidade. E de finalmente quebrar o silêncio e expor a nu aquele que foi o golpe mais sórdido desferido contra a dignidade dos portugueses, o ‘’caso BPN’’.
Afinal, só tenho que agradecer à filha do meu amigo ter-se deixado contaminar pelo servilismo oportunista e hipócrita dos seus superiores