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O lado do Caso BPN que poucos conhecem nos seus trâmites mais profundos, obscurecidos pelos interesses das partes envolvidas. O relevo dado a duas colecções de arte entretanto sem paradeiro, fazendo crer que são motivo de todo o descalabro do caso BPN
Isto é tudo uma grande trapalhada. Não tenhamos dúvidas de que toda esta caldeirada de contradições é propositada, para ninguém poder entender nada.
Afinal, os activos do BPN não eram ‘’tóxicos’’, pelo que se deduz do que se lê em cima. Se o estado, ou o BPN, ou a CGD - nunca se sabe, quem deve, quem paga e quem tem o ‘’guito’’- tivesse vendido já os activos reais seria possível recuperar pelo menos parte do valor em perda ou simplesmente estancá-lo?
Porque razão ninguém fala claro?
De que forma e porquê os prejuízos advenientes da nacionalização do BPN para o estado não param de aumentar desde 2008? Porque razão aumentaram de dois mil e oitocentos milhões de Euros de Junho de 2012, para três mil e quantrocentos milhões em Dezembro do mesmo ano?
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Mas afinal, segundo diz Norberto Rosa, ou teremos que concluir que não sabemos ler, do BPN saíram três mil e trezentos milhões de Euros. Significa isso que o BPN tinha ainda um capital de três mil e trezentos milhões de Euros, para sair não se sabe para onde, apenas se sabe que 45% desse valor saíram para a CGD, que detinha uma quota de 30% do capital do BPN?
Bem, mas o que é curioso é que a opinião do Governo não coincide com a do Administrador da CGD nem com a de Norberto Rosa.
Maria Luís Albuquerque declarou à Comissão Parlamentar de Inquérito em Setembro de 2011 que o prejuízo assumido pelo Estado era de quatro mil e quinhentos milhões de Euros. Repartidos da seguinte forma:
‘’3.100 milhões de créditos concedidos a Parvalorem, Parparticipadas e Parops (veículos criados pelo Estado para absorver os “activos tóxicos”) e 1.400 milhões de euros concedidos ao BPN.’’
Significará isto que o Estado adiantou à Parvalorem, à Parparticipadas e à Parops três mil milhões de Euros esperando que as três empresas realizem esse valor com a venda dos ‘’tóxicos’’?
Mas a quem pertencem agora os ‘’tóxicos’’? Às empresas Parvalorem, Parparticipadas e Parops, a quem o Estado pagou três mil milhões de Euros para ficarem com o ‘’menino’’ nos braços?
Onde posso eu ver o meu ‘’tesouro de arte egípcia’’? O ‘’tesouro" é nosso, porque segundo dizem somos nós quem o está a pagar, ou das empresas a quem o Estado pagou para o vender?
Temos assistido a uma guerrilha contínua entre o PSD e o PS, acusando-se mutuamente de responsabilidades na ‘’crise’’.
Mas insolitamente ninguém ouve o PS ou o PSD alegarem com clareza matemática: ‘’Vamos distribuir então responsabilidades. Do prejuízo BPN, estimado em quatro mil e quinhentos mil milhões de Euros agora, nós, PS, somos responsáveis por um milhão e novecentos mil Euros, que era a estimativa em Julho de 2011. O restante é da responsabilidade da coligação PSD/CDS.’’
Não. Todos contribuem para a trapalhada dos números e das suas causas.
Ninguém explica com clareza e sem ambiguidades que activos são esses na administração da Parvalorem, da Parparticipadas e da Parops, sobre os quais o estado concedeu um crédito de três mil milhões de Euros.
Mas parece que ninguém quer saber. Porque os partidos da oposição parlamentar parecem satisfeitos com todas estas contradições e não fazem perguntas claras, simples e elementares.
E a primeira delas é:
Porque não publicam a lista discriminada dos activos do BPN, em posse de quem estão, em que regime, quanto se estima que valem? Para podermos fazer uma ideia do sentido que faz o investimento do estado nos ‘’dispositivos’’ que criou para a sua venda. Porque tudo faz crer que o prejuízo BPN é sobretudo o crédito concedido pelo estado para vender o ‘’lixo tóxico’’.
E cabe então aqui um comentário, que talvez seja a chave do entendimento do espalhafato criado em torno da ‘’colecção egípcia’’.
Para lá de ter sido o primeiro filtro avançado por todos os intervenientes na mentira, para não deixar ver o que estava por detrás da cortina, dado que todo o caso BPN parece gravitar em torno da venda de uns activos, o processo judicial instaurado a propósito do ‘’tesouro egípcio’’, que tem por móbil a comprovação da ‘’falsidade’’ dos objectos, não terá como fim libertar o ‘’tesouro’’ dos condicionantes que, como património passível de classificação, atrapalham a sua venda, nomeadamente fora de Portugal, nas ilhas Caimão?