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O lado do Caso BPN que poucos conhecem nos seus trâmites mais profundos, obscurecidos pelos interesses das partes envolvidas. O relevo dado a duas colecções de arte entretanto sem paradeiro, fazendo crer que são motivo de todo o descalabro do caso BPN
Caro Luís.
Como já deve ter notado, o Ministério Público, na pessoa do Jorge Teixeira, deduziu já acusação no âmbito do caso da ‘’colecção egípcia’’.
De modo que tudo o que se encontrava em regime de ‘’segredo de justiça’’ passou agora a ser do domínio público, para lá do domínio dos acusados. Eu sou um deles.
Acredito que muita gente, incluindo arqueólogos, esteve convencida de que eu não seria acusado, deduzindo dessa conjectura que não entraria no conhecimento dos detalhes processuais.
Mas como eu sou um ‘’chato’’ e nunca me calei, acabei por ser acusado, após ser constituído arguido uns meses antes de o Jorge Teixeira deduzir a acusação.
Mas caso não fosse acusado, devia ter-se manifestado também óbvio que eu seria o sujeito que nunca deixaria de sujeitar todo o processo a uma exaustiva análise, porque, na verdade, ainda não o li no propósito de me defender.
Como bem diz o Luís, eu não sou arqueólogo. Não ando pela vida para me defender, mas para defender outras coisas.
Ora, não posso deixar de lhe agradecer ter sugerido e proposto ao Jorge Teixeira aqueles três parvos para emitirem um tal parecer pericial sobre a matéria em falta, as ‘’quase duzentas peças’’ que constituem a ‘’colecção egípcia’’.
Em breve, dois ou três dias, vou enviar-lhe cópia do parecer emitido pelo Mário, pelo Virgílio e pelo outro ‘’chavalito’’ que não conhecia. O Luís constatará então porque lhe agradeço tão encarecidamente. Melhor era impossível.
Tão oportuno como o parecer desses três, só o depoimento da Ana Isabel, que devia ter demonstrado ao Jorge Teixeira que pode surgir sempre uma Jeanette que questione as nossas convicções. Será que os arqueólogos já não lêem, sequer, o que escrevem?
Bem, mas tudo isto é pouco relevante.
O que quero mesmo propor à consideração e à elevada consciência cívica do Luís é o seguinte:
Imagine que, no todo ou em parte, se vem a constatar que, subtraindo à equação a proveniência das peças ou da colecção, ela é autêntica, ou que sendo ‘’cópias’’ ou ´´invenções’’ não são de tão má qualidade quanto as fotos alegadamente realizadas pela Polícia Judiciária sugerem.
Não seria lamentável que, pura e simplesmente, com a cumplicidade passiva dos arqueólogos, ela tenha desaparecido?
O Luís nunca entenderá, porventura, o que eu pretendia dizer quando alegava que não sou arqueólogo mas ‘’arqueómano’’. O José d’Encarnação também não.
Mas pense nisso. Conto com o Luís para promover uma campanha veemente que exija a apresentação pública da ‘’colecção egípcia’’.
Um abraço.
Manuel
A "colecção falsa", segundo Débora Carvalho/Correio da Manhã
Ora bem, o mais grave que se passa no que respeita à dita ‘’colecção egípcia’’ é o facto de ninguém me rebater de forma clara e conclusiva, quando alego que tanto a ‘’colecção ergípcia’’ com a ‘’colecção Miró’’ se encontram sem paradeiro.
De facto só haveria uma forma de me rebaterem. Seria apresentá-las publicamente, de forma inequívoca.
A quem ler integralmente o Processo 91/09.9JDLSB, manifesta-se óbvio que a ‘’colecção egípcia’’ foi alegadamente observada presencialmente em dois momentos, por cinco sujeitos. Dois inspectores da Polícia Judiciária que alegadamente a fotografaram em Fevereiro de 2009. E três arqueólogos que redigiram um parecer e alegam também tê-la observado no dia exacto do primeiro aniversário sobre a diligência dos dois inspectores da PJ que a fotografaram, em Fevereiro de 2010.
Se de facto é verdade que uns e outros a observaram presencialmente, tal é ainda mais grave, pois tanto o repertório fotográfico da PJ como o parecer dos arqueólogos beneficiariam da atenuante de terem sido realizadas na ausência presencial da colecção, como demonstrarei em breve, com a apresentação pública dos respectivos documentos.
Ora, se as colecções, tanto a ‘’egípcia’’ como a de miroses, existem de facto e os inspectores da PJ, o Rui Teixeira e os arqueólogos conhecem o seu paradeiro, o mínimo que poderia alegar seria que todo o Processo, todas as diligências e todas as intervenções da comunicação social foram torpemente programados para me induzirem na convicção de que o paradeiro da ‘’colecção egípcia’’ é conhecido por eles. E talvez para alegar que o Manuel Castro Nunes, não tendo argumentos para se defender, inventou o tema da falta a colecção.
Sem dúvida, eu não sou o culpado de todos os intervenientes no Processo, desde a Polícia Judiciária, ao Procurador e aos arqueólogos, se apresentarem nele tão ‘’toscos’’.