Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
O lado do Caso BPN que poucos conhecem nos seus trâmites mais profundos, obscurecidos pelos interesses das partes envolvidas. O relevo dado a duas colecções de arte entretanto sem paradeiro, fazendo crer que são motivo de todo o descalabro do caso BPN
A deputada do PS Gabriela Canavilhas parece ter agora, em Outubro de 2014, descoberto que as pinturas de Miro alegadamente propriedade do BPN, agora de PARVALOREM, não estão em Portugal, num cofre da Caixa Geral de Depósitos, como sempre se alegou.
Bem, as declarações de Gabriela Canavilhas a este propósito foram difundidas e tornadas públicas, em primeira mão, pelo Correio da Manhã. Até oito de Outubro do presente ano de 2014, as suspeitas de Gabriela Canavilhas eram apenas confidências com o travesseiro.
"Até hoje ninguém as viu e ninguém autorizou alguém a vê-las. Para mim, elas podem até estar em Londres. Ninguém sabe onde estão", confidenciou agora a deputada ao Correio da Manhã.
A deputada e ex-ministra Gabriela Canavilhas sabe que desde há muito que eu alego que as pinturas não estão nem talvez nunca tenham estado em Portugal, excepto talvez pouco mais do que uma dezena. Eu confrontei consecutivamente o Grupo Parlamentar do PS com a questão. De resto, a ex-ministra soube sempre a verdade. A ex-ministra, de resto, soube sempre que a questão do paradeiro das pinturas era colateral, porque a questão relevante continua a ser a clarificação da propriedade das pinturas.
Em 26 de Junho de 2012, Lourenço Soares, ex-presidente do Conselho de Administração de PARVALOREM, declarou perante a Comissão de Inquérito Parlamentar:
‘’O antigo administrador do BPN Lourenço Soares declarou, hoje na Comissão Parlamentar de Inquérito, que o Estado não pode reclamar a propriedade da valiosa colecção de quadros do pinto Juan Miró, que a após a reprivatização do BPN passaram para a esfera das sociedades veículo, porque estes "do ponto de vista jurídico-formal pertencem a três offshores". O ex-administrador, que esteve no banco durante o período de nacionalização, acrescentou ainda que "apesar de existir um contrato de penhor, a propriedade é das offshores".’’ Agência LUSA.
Mais: "A própria SLN não tem legitimidade para representar as offshores".
Lourenço Soares foi Administrador do BPN nacionalizado, nomeado pelo governo do PS, de que Gabriela Canavilhas foi Ministra da Cultura.
Entretanto, Nogueira Leite, Presidente plenipotenciário das sociedades veículo que especulam no mercado com as imparidades dos ‘’activos BPN’’, fez saber que negociou com a SLN a transferência da propriedade das pinturas de Miro, de todas as oitenta e cinco. Mas ninguém sabe em que condições, a questão é ‘’confidencial’’. Confidencialidade extensiva a cláusulas determinantes do contrato assinado entre a leiloeira Christie’s e a PARVALOREM, como peremptoriamente Nogueira Leite alega arrogantemente, para se eximir a esclarecer os verdadeiros propósitos do negócio.
Mas a verdade é que nem o PS nem os restantes partidos da oposição contestam o facto de uma empresa de direito privado (sic!) mas capitais exclusivamente públicos assinar com uma empresa privada um contrato com cláusulas confidenciais. O que significaria que, usufruindo do seu estatuto de sociedade de direito privado, a PARVALOREM, cujo capital social é exclusivamente público, gozaria dos privilégios de partilhar com o Estado os benefícios do ‘’segredo de Estado’’, sem que a oposição o conteste.
A verdade é que nada sabemos acerca dos negócios de Nogueira Leite. A oposição faz ‘’vista grossa’’ e a ex-ministra Gabriela Canavilhas lidera a conjura.
Entretanto, ninguém fala acerca do paradeiro de uma tal ‘’colecção egípcia’’ ou ‘’colecção Pessoa’’. Dizem que permanece numa cave da sede de PARVALOREM/BPN, na Avenida António Augusto de Aguiar, embora a GESLUSA/SLN reclame a sua legítima propriedade. Mas em 2009 fora daí removida em conjunto e à boleia com os Miro.
O Luís raposo garante que lá está. A Polícia Judiciária, na pessoa do inspector Rui Girão, garante tê-la lá fotografado e três arqueólogos amigos de Luís Raposo juram a pés juntos que por lá a viram.
Luís Raposo foi talvez o mais feroz adversário de Gabriela Canavilhas em 2009/2010, quando o governo do PS, para garantir o sucesso dos seus compromissos com a Armada e com o Museu dos Coches alimentou desalojar o Museu Nacional de Arqueologia do Mosteiro dos Jerónimos. Entretanto, Luís Raposo reorganizou o seu projecto de vida e já concordava com a cedência do Mosteiro dos Jerónimos ao ‘’Museu da Língua e da Viagem’’ e recuar para a Cordoaria Nacional.
Luís Raposo é do Bloco de Esquerda, daquela facção do Bloco de Esquerda que integrou a maioria silenciosa e suportou clandestinamente a queda do regime de Sócrates e o triunfo do regime de Portas.
Nogueira Leite prosseguirá o seu cortejo triunfal de imunidade e impunidade. A oposição sobrevive negociando o ‘’status’’.
As mentiras também são como as cerejas.