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A colecção Miró ‘’do BPN’’ é um assunto privado entre duas sociedades anónimas, a PARVALOREM SA e a Chiristie’s.

 

Talvez o mais caricato episódio relacionado com este assunto tenha sido o desmentido do MNE à informação de fonte não identificada difundida pelo EXPRESSO, que afirmava sem hesitação que a colecção viajara de Lisboa para Londres por mala diplomática.
Talvez por isso volta a estar na ordem do dia o ‘’segredo de Estado’’. Talvez a PARVALOREM não tenha gostado de que o MNE tenha violado o ‘’segredo de estado’’, desmentindo o EXPRESSO.

Durante a semana passada, insisti com a Administração da Caixa Geral de Depósitos para obter resposta a esta questão:

‘’À Administração da Caixa Geral de Depósitos.

Excelentíssimos Senhores.

Os incidentes publicamente manifestos que se desencadearam após o anúncio da apresentação em leilão da colecção das obras de Joan Miró supostamente em propriedade do estado após a nacionalização do Banco Português de Negócios, tem levantado legitimamente e com veemência várias suspeitas de que muito do que foi sucessivamente transmitido acerca do assunto não correspondia à verdade.
Uma das legítimas suspeitas é a de que tivessem alguma vez estado reunidas em Portugal e de que tenham sido recolhidas, em 2008, num cofre da Caixa Geral de Depósitos, conforme foi então noticiado e sempre foi alegado pelas entidades responsáveis.
Solicitamos pois a Vossas Excelências resposta a esta questão:
As oitenta e cinco pinturas de Joan Miró alegadamente em propriedade do BPN e que foram transferidas, após a nacionalização do banco, para a propriedade do Estado Português estiveram, até Dezembro de 2013, alojadas num cofre ou em instalações da Caixa Geral de Depósitos, tendo aí sido recolhidas pela Christie’s a mando do Estado Português?

Gratos desde já por vossa resposta, os nossos melhores cumprimentos.

Coimbra, 11 de Fevereiro de 2014.

Manuel de Castro Nunes.’’

A resposta veio de CAIXA DIRECTA sem identificação do emissor e foi esta:

‘’Estimado Senhor Manuel de Castro Nunes
Bom dia
No seguimento do e-mail enviado no passado dia 11 de Fevereiro permita-nos antes de mais lamentar a demora na resposta.

Após análise informamos todas as questões que envolvam esta coleção de arte devem ser endereçadas à Parvalorem, que é a única entidade com responsabilidade direta sobre os mesmos.

Contacte-nos, se precisar de algum esclarecimento
Estamos ao seu dispor 24h por dia, através de e-mail ou dos números:
707 24 24 24
91 405 24 24
93 200 24 24
96 200 24 24.

Com os nossos cumprimentos
Caixadirecta’’


Assunto concluído. Alguma dúvida ainda?

 

 

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2 comentários

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De J. Costa a 17.02.2014 às 16:30

Coisas que as TV’s não contam:

A Colecção Miró, um lote de 85 obras, composto por óleos, guaches e desenhos, foi adquirido pelo Banco Português de Negócios (BPN), gerido por José Oliveira Costa, a um coleccionador japonês em 2006. Em 2007 a leiloeira Christie's avaliou a colecção em 81,2 milhões de euros e, algum tempo depois, a mesma leiloeira avaliou-a em 150 milhões. Estas avaliações foram feitas quando a colecção pertencia ao BPN, enquanto banco privado.

Em Novembro de 2008, o BPN foi "nacionalizado" -apenas o lixo tóxico- e, depois de todas as aventuras e desventuras que decorreram da sua nacionalização, a Parvalorem -veículo estatal criado para gerir os activos tóxicos do BPN- através da sua administração, tornou a venda da Colecção Miró, uma das suas principais prioridades tendo, no final de 2013, "fechado" o negócio com a Christie's.

A Parvalorem não cumpriu os prazos legais estabelecidos na Lei de Bases do Património Cultural para pedir a devida autorização para a saída das peças para o estrangeiro e, embora com o parecer negativo da Direcção-Geral do Património Cultural (DGPC), a 21 de Janeiro de 2014, as obras já estavam expostas na leiloeira Christie’s, em Londres. Agora vem a notícia mais interessante.

Enquanto a Colecção Miró foi propriedade privada, foi avaliada pela Christie's por valores que ultrapassaram os 150 milhões de euros; agora que a mesma colecção é propriedade do Estado Português, a mesma leiloeira avaliou-a em apenas 36 milhões. Para a palhaçada ser mais engraçada posso acrescentar que as condições da Christie's são estas: a licitação da venda da obra é de 36 milhões, sendo esta a importância a entregar ao Estado Português; tudo o que ultrapassar esse valor será propriedade da leiloeira. Perceberam a jogada?

Uma providência cautelar "barrou" a concretização do negócio que, além de ilegal é um crime de lesa-pátria; entretanto, a Christie's já fez saber que continua interessada no negócio. Claro... tenho a certeza que sim... Alguém tem dúvidas sobre a "transparência" destas negociatas? Alguém, ainda, duvida de que esta gente, está UNICAMENTE ao serviço do capital explorador nem que tenhamos que ficar sem pele?

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De Eu a 17.02.2014 às 17:05

Para já só chego á conclusão de que se confirma que os quadros não estiveram na Caixa. Já a fundação culturgest o tinha confirmado.Só não percebo como é que se diz que se trata de património público se está a ser gerido por uma sociedade anónima. Já parece a SLN . Pensando bem, já não sei nada de nada senão que o governo e essa coisa nos querem  tomar por parvos. 

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