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O lado do Caso BPN que poucos conhecem nos seus trâmites mais profundos, obscurecidos pelos interesses das partes envolvidas. O relevo dado a duas colecções de arte entretanto sem paradeiro, fazendo crer que são motivo de todo o descalabro do caso BPN
Quanto a Mirós, bem podem agora continuar a difundir notícias aos milhares, para tentarem minorar as consequências das mentiras que contaram e continuarão a contar, até que a verdade surja clara e límpida e sem apelação.
Mas a questão Miró é apenas, como sempre o dissemos como pressuposto, um assunto quase colateral relativamente às mais graves implicações de todo o processo que adveio da nacionalização do BPN.
O certo é que o BPN continua a ser, para a maioria dos portugueses, o pretexto para que os conjurados do regime agravem as medidas de coacção e de chantagem sobre os seus já parcos rendimentos. É o retrato da ‘’crise’’. Real ou imaginário.
Se fizéssemos fé no que difundem os canais do regime, a tragédia dos portugueses tem duas causas. O BPN e os pensionistas e desempregados, que vivem a expensas dos contribuintes.
Ainda ninguém foi capaz de entalar o regime com uma resposta clara. Os contribuintes não têm feito senão alimentar a máquina de enriquecimento da minoria instalada no poder, que tem desbaratado em equilibrismos de circo os fundos contributivos, apresentando, consecutivamente, em défice público, o balanço negativo das suas artimanhas financeiras.
Todos nos esquecemos, entretanto, que o procedimento de última instância usado pelo Estado para apertar o laço em volta da garganta do BPN, em Agosto de 2008, foi o levantamento, sem apelo nem agravo, de um depósito de oitocentos milhões de Euros, feito pela Segurança Social, para que os iluminados gestores do BPN reduzissem a aplicações financeiras, talvez Mirós.
Os oito mil milhões de Euros lançado em défice público alegadamente como consequência do descalabro BPN são na verdade, o resultado dos negócios em carrossel em que, a propósito do BPN e com os seus activos e passivos, o Estado se tem envolvido e que tem consolidado a fortuna de uma reduzida minoria, nomeadamente a PPP GALILEI.
Todos devem ter entendido que a questão Miró foi por nós aqui levantada porque sabíamos que a mentira que estava escondida era tão inepta que faria em dois ou três meses cair a máscara, tornando-se num ápice no paradigma de como o regime, com o apoio da comunicação social, consegue, sem grande esforço, manter os portugueses catarticamente suspensos das histórias mais esfarrapadas.
Quem, senão os portugueses, acreditaria em que faria algum sentido que uma colecção de oitenta e cinco pinturas de Miró, ou duzentas como alega agora o Presidente da PARVALOREM, se mantiveram durante cinco anos aferrolhadas num cofre da Caixa Geral de Depósitos, sem que ninguém, nem um jornalista nem um governante, a quisesse ter visto?
Quem faria fé numa ex-Ministra da Cultura, em exercício entre Outubro de 2009 e Junho de 2011, quando alega que os seus sucessores nunca inventariaram as oitenta e cinco pinturas de Miró que nunca viu?
Quem faria fé no argumento de que a venda de oitenta e cinco obras de Miró por trinta e tal milhões de Euros seria um procedimento de elevada relevância para as finanças públicas, no quadro de um programa para aliviar o défice público de oito mil milhões de Euros, cuja proveniência seria o BPN que o Estado nacionalizou?
Mas vamos insistir numa questão que para os portugueses também poderá parecer colateral. Mas que nós sabemos que se virá a revelar também num beco sem saída para o regime e seus associados.
Desde há cinco anos que temos interpelado todas as entidades pressupostamente tutelares, tanto governamentais como judiciais, bem como a opinião pública e as corporações profissionais envolvidas, acerca do paradeiro da famigerada ‘’colecção egípcia’’ do BPN, em que o banco terá investido cerca de cinco milhões de Euros, através de um crédito de investimento concedido à GESLUSA/SLN. E que foi avaliada pela Christie’s em 2008 em cinco milhões e seiscentos mil Euros.
Desde há cinco anos que convocamos os especialistas, nomeadamente arqueólogos, para alegarem o que, em abono do interesse de todos os que estavam interessados em branquear o assunto, foram difundido acerca da ‘’falsidade’’ da colecção.
Desde há cinco anos que convocamos os arqueólogos e a comunicação social para virem comprovar que alguma vez a viram.
Sendo certo que foi por todos aceite que estaria, junto com as obras de Miró, aferrolhada num cofre na Caixa Geral de Depósitos, à disposição das autoridades judiciais.
Será que a senhora deputada Gabriela Canavilhas aguarda que a colecção apareça em Londres, por artes mágicas, num leilão da Christie’s, para vir requerer a sua inventariação?
Será que ninguém quer saber que BPN Crédito foi aquele que a PARVALOREM vendeu no fim de 2013 a duas sociedade para o efeito criadas, uma portuguesa e outra inglesa?
Vamos vendo como a máscara vai caindo encostada aos Mirós.
Por mim, eu conheço milhares de Zés Barretos, sujeitos hipócritas e covardes, sem cara nem identidade, mas que vêm a terreiro com muita bravura, impor condições.
Poderia responder-lhe, simplesmente, que a minha condição para lhe responder seria a de identificar-se.
Mas não, vou responder-lhe, para dar resposta a todos os Zés Barretos e a todos os hipócritas que põe aí andam a lançar confusão sobre a matéria.
E, de resto, nem precisa de se identificar. Já lhe expliquei outrora que sou professor de Português, habituado à crítica e análise textual. O Zé Barreto é o Vítor Roma, Jaime Rebotim, Manuel Avó. Por encargo de João Pinto Ribeiro.
Primeiro que tudo, não vou fazer de contas que sou jornalista. Nem sou, nem quero ser, essa é a sua área e o seu domínio. O Zé Barreto não é muito inteligente, ou é mesmo estúpido, se ainda não entendeu que o nosso objectivo é desmantelar a retórica que os Zés Barretos encomendam aos jornalistas. É por isso que a cronologia o baralha.
De modo que vou responder-lhe como eu entender e o Zé Barreto merece. Como merece um sujeito sem rosto muito empolado e imperativo.
Resguardando, como entender, as minhas fontes e os dados a que tive acesso quando o entender.
Vamos a cronologia e a dados, àqueles que se lhe atravessarão já na garganta.
Cronologicamente, é muito curiosos registar que, insolitamente, a primeira intervenção de um arqueólogo no processo de aquisição da ‘’colecção egípcia’’ pelo BPN consiste num ‘’mail’’ enviado por um arqueólogo a Vaz de Mascarenhas, para o endereço do BPN Cabo Verde, enviando uma imagem de uma máscara em ouro, que se alegava apreendida pela polícia na Turquia, fazendo crer que as máscaras que integravam a colecção em referência teriam sido apreendidas pela polícia na Turquia, procedentes do Iraque, do que se deduziria que a polícia turca andava a vender máscaras.
*Dada a sua dimensão, este comentário segue seccionado em três. Continua.
Todavia, logo se comprovou que a referida máscara era uma montagem fotográfica que utilizava duas máscaras, qualquer delas na posse de um coleccionador português.
Daqui se concluía que o alegado arqueólogo pudera ver as máscaras com que a montagem fora feita. Ou ele, ou alguém que lhe enviara o ‘’documento’’.
Mas o alegado arqueólogo era mesmo arqueólogo, usava o nome de António Silva, parava pelo Algarve e era conhecido nos meios arqueológicos por ‘’Anton’’, à russa.
Pelo que basta intercalar entre António e Silva um nome próprio iniciado por um C. Quer mais?
Em marcha à retaguarda, na cronologia, tudo leva pois a crer que já havia quem conhecesse a colecção antes de ser apresentada ao BPN.
Retomando a marcha à frente, espero que não enjoe, Zé Barreto, um ano antes de concluída a aquisição pelo BPN, o inventário descritivo e fotográfico da colecção foi entregue em mão ao Director do Instituto Português de Museus e ao Presidente do IGESPAR, acompanhado de todos os estudos realizados.
Seguindo, pois, a colecção foi adquirida, em 2006, pela GESLUSA/SLN, com crédito concedido pelo BPN e contrato assinado por Oliveira e Costa, que, anteriormente, assinara o contrato de concessão de crédito ao vendedor, no montante de metade do valor compra, para que a GESLUSA reunisse as condições para a adquirir.
Ficou pois durante dois anos nas instalações do BPN, onde poderia ter sido observado por quem o desejasse, tendo pessoalmente manifesto a minha disponibilidade para o efeito.
Neste intervalo cronológico, ficam uns detalhes que gostaria muito de ler já hoje, mas que eu vou deixar para lhe responder a futuras intervenções.
Agora note o seguinte. E se tivesse lido com atenção já o teria notado, mas já reparei em que não é muito diligente.
Para o que interessava para a matéria que respeita a esta publicação, o que devia ter registado era o seguinte:
A primeira vez que, publicamente, se citou a ‘’colecção egípcia’’ foi numa declaração de Miguel Cadilhe em Agosto de 2008, ao ‘’revelar’’ que o BPN estava na posse de três activos ‘’tóxicos’’. Que o BPN ia de imediato proceder à sua venda, para cujo efeito já estava na posse de uma avaliação da Christie’s, que avaliara a ‘’colecção egípcia’’ em cinco milhões e seiscentos mil Euros.
* Continua.
Ora, se a Christie’s pôde avaliar e observar a ‘’colecção egípcia’’ em Agosto de 2008, a verdade é que, depois dessa data ela se sumiu para não mais aparecer. De tal modo que nem os jornalistas do Correio da Manhã, do Diário de Notícias, da Agência Lusa de Notícias, nem o tribunal, nem qualquer arqueólogo a voltou a ver.
Essa foi a razão por que as únicas imagens que dela, até ao presente, foram reveladas, foram-no pelo Correio da Manhã, que publicou, sem autorização, de resto, as de minha autoria que constavam do inventário. E porque todos continuavam a falar numa ‘’colecção egípcia’’.
No ano de 2010, uma procuradora anunciou que tinha pedido a dois ou três arqueólogos, os jornais nunca foram unânimes, um parecer sobre a ‘’colecção egípcia’’.
Tenho insistido reiteradamente com os arqueólogos, através de todos os meios de comunicação pública, para que revelem o teor do relatório.
Ninguém o faz ou ninguém tem coragem para o fazer. Porque se existe relatório deve ser a réplica dos comentários de Luís Raposo, que não comento pois falam por si.
De tudo isto deduzo que a ‘’colecção egípcia’’ não tem paradeiro pelo menos desde 2012. Em meu abono vem o facto de ninguém me ter publicamente desmentido desde então. Porque só haveria uma forma de o fazer, era indicar com objectividade o paradeiro.
Portanto, concluo que não existe um registo de inventário de recepção da ‘’colecção egípcia’’ pelo estado ou pela administração do BPN em exercício desde a nacionalização.
Note bem o que acabo de escrever. Compreendo que o meu inventário é o inventário da colecção que foi vendida à GESLUSA e não pode susbstituir o inventário que devia ter sido realizado quando a colecção foi recebida pelo BPN nacionalizado e supostamente alojada num cofre da Caixa Geral de Depósitos? No mesmo cofre onde foram alojadas oitenta e cinco pinturas de Miró, que dele terão saído, sem que ninguém se apercebesse, em Dezembro passado?
Ora, a matéria desta publicação era esta. Quais objectivamente as suas dúvidas, Zé Barreto?
Eu sei. Vossemecê não teve paciência para ler o que estava para trás. De modo que chegou aqui e não entendeu nada.
Não sendo essa a sua desculpa só haverá outra. Vossemecê é arqueólogo ou antiquário. E como tal está perturbado e com receio de que este tema afecte a sua reputação.
E posso-lhe garantir que afecta mesmo.
Para concluir, Zé Barreto, não quer aqui deixar a sua opinião, assim mais ou menos, a olho, pelas fotos, sobre se a colecção é falsa ou genuína?
Não faça cerimónias.